Em pesquisa para tentar encontrar alguma referência em literatura SUD encontrei apenas uma imagem com descrição no artigo "Sacred Vestments" (Vestimentas Sagradas) no Livro Temple and Cosmos de Hugh Nibley:
Outro mosaico de Ravena, 520 AD, mostra o rei-sacerdote Melquisedeque, com um manto púrpura, oferecendo pão e vinho no altar (Gênesis 14:18-20). A toalha branca do altar é decorada com dois conjuntos de gammadia, bem como o chamado "Selo de Melquisedeque", dois quadrados entrelaçados em ouro. Abel oferece seu cordeiro e Abraão suavemente empurra Isaac para a frente. A mão de Deus chega até esta reunião sagrada através do véu vermelho adornado com gammadia dourada de cada lado. O tema é o grande sacrifício de Cristo, que reúne os profetas virtuosos do passado, bem como os quatro cantos do mundo atual, unindo assim todo o tempo e espaço. (Nibley, “Sacred Vestments,” Temple and Cosmos, 109.)
O desenho do mosaico de Michael Lyon no livro Temple and Cosmos vem de uma basílica em Ravenna, Itália, chamada Basílica de Sant' Apollinare in Classe. A imagem ao lado é uma foto do mosaico da Basílica, encontrada no site Sacred Destinations, onde pode-se encontrar mais fotos.
Pode-se ver claramente no centro da toalha branca do altar o símbolo da estrela com 8 pontas. Este mosaico mostra Melquisedeque com um manto púrpura administrando o pão e vinho no altar como sumo sacerdote no templo. O evento é autorizado por Deus com a manifestação de Sua mão descendo através das nuvens. Na esquerda temos Abel oferecendo um cordeiro ao sacrifício e na direita Abraão oferece seu filho Isaque, ambos simbolizando o último e grande sacrifício de Jesus Cristo. Interessante notar, assim como Hugh Nibley, que há alguns símbolos gammadia (forma como a letra grega gama Γ) tanto na toalha do altar como nos dois véus. O mosaico data do século VI.
Há vários detalhes no interior do símbolo que é um pouco difícil de discernir. Parece haver dois outros quadrados com dois ou três círculos concêntricos.
No vídeo abaixo, o único que encontrei que mostra tal mosaico, é possível ver rapidamente parte dele em meio às sombras. A pessoa que está filmando se concentra na parte frontal superior da Basílica; após mostrar alguns detalhes em zoom, ela filma a parte inferior mostrando os mosaicos entre as janelas e vai girando para a direita; o último mosaico visto antes da pessoa começar a filmar no sentido oposto é o nosso mosaico, visto parcialmente e de forma escura.
Na mesma cidade, Ravenna, há uma outra basílica que possui um mosaico que também mostra o Selo de Melquisedeque, a Basílica de San Vitale.
Neste mosaico (a imagem acima também é uma das várias fotos disponíveis no site Sacred Destinations) temos a cena onde novamente vemos Abel oferecendo seu cordeiro e Melquisedeque oferecendo pão sobre o altar. Atrás de Abel vemos um santuário Adâmico e atrás de Melquisedeque o Templo de Jerusalém. A mão de Deus novamente é vista descendo dos céus aceitando as ofertas. Aqui podemos ver claramente o símbolo da estrela de 8 pontas e é evidente os dois quadrados entrelaçados com dois círculos concêntricos ao centro. Na direita uma imagem ampliada do símbolo visto neste mosaico.
Abaixo uma foto mostrando o mosaico em sua totalidade no arco principal da basílica.
No vídeo abaixo podemos ver o interior desta basílica e apreciar a bela arquitetura com estes incríveis mosaicos da Basílica de San Vitale (quem quiser ver apenas o mosaico em referência no video vá direto para os seguintes pontos de tempo: 1:45, 2:00 e 2:20).
Nibley comenta sobre a dificuldade de se ter certeza sobre e origem e significado deste símbolo e manterei isto em mente enquanto estiver estudando e pesquisando mais a respeito:
Essas coisas ficam no ar. Elas foram perdidas e tornaram-se simplesmente desenhos, ninguém entende o que elas são, ninguém entende mais o significado das palavras. Assim, nós especulamos enquanto tentamos reconstruí-las. (Nibley, “Sacred Vestments,” Temple and Cosmos, 111.)De qualquer forma farei minha própria especulação referente ao significado do símbolo ao final deste artigo.
Estes dois mosaicos são belos exemplos da obra imperial bizantina. Estudiosos acreditam que os artistas vieram de Constantinopla para criá-los, então os símbolos que aparecem nas igrejas de S. Vitale de Ravenna e S. Apollinare Nuovo seriam exemplos do que foi popular na capital do Império Bizantino naquele momento. Melquisedeque foi representado porque seu sacerdócio era maior do que Abraão e ele também era rei de Salém e, portanto, os imperadores queriam se identificar com ele, como rei e sacerdote. Melquisedeque era conhecido em Milão do século IV, como um tipo de Cristo, mas seu nome mais tarde desaparece nas liturgias. Ao longo dos séculos os mosaicos foram danificados e restaurados, em particular a seção inferior onde os pilares do altar são mostrados. No entanto, em ambas as cenas do desenho a toalha do altar parecem ser originais. A expressão "Selo de Melquisedeque" pode ter sido aplicada muitos séculos depois deste desenho ser usado nestes mosaicos já que não há provas de que a igreja Bizantina pensava que este desenho estava ligado a Melquisedeque. Os quadrados entrelaçados foram encontrados em muitos outros lugares ao longo da arte e da arquitetura bizantina e não há referência a Melquisedeque. Assim como não há nenhuma evidência arqueológica de que a "Estrela de Davi", ou "Selo de Salomão", foi utilizada pelos verdadeiros Reis Salomão ou Davi (adiante trataremos deste outro símbolo), não há provas de que o "Selo de Melquisedeque" remonta ao tempo do real Melquisedeque, rei de Salém. Independente disto a análise pode continuar.
Creio que precisamos inicialmente ver as referências que temos sobre Melquisedeque e saber quem ele era. Um profeta e líder notável que viveu cerca de 2000 aC. Ele é chamado o rei de Salém (Jerusalém), rei da paz, e "sacerdote do Deus Altíssimo." Infelizmente, as informações a respeito dele na Bíblia são relativamente escassas, sendo limitadas a Gen. 14: 18-20; Heb. 4: 6; Heb. 7: 1-3. A menção do sacerdócio de Melquisedeque é dada em vários outros casos, principalmente nos Salmos e em Hebreus. No entanto, a revelação dos últimos dias nos dá muito mais sobre ele e seu sacerdócio (ver JST Gen. 14: 17-40; JST Heb. 7: 1-3; Alma 13: 14-19, D & C 84: 14; D & C 107: 1-4). A partir dessas fontes percebemos algo da grandeza deste profeta e de seu ministério e reino.
Podemos comparar o Selo de Melquisedeque ao Selo de Salomão, sendo este último mais conhecido como a Estrela de Davi (em hebraico: מגן דוד, transl. Magen David), conhecida também como escudo supremo de Davi. É um símbolo em forma de estrela formada por dois triângulos sobrepostos, iguais, tendo um a ponta para cima e outro para baixo, utilizado pelo judaísmo e por seus adeptos. De acordo com a tradição judaica, este símbolo era desenhado ou encravado sobre os escudos dos guerreiros do exército do rei Davi. Esta tradição teve origem no fato de o nome hebraico para Davi ser escrito originalmente por três letras do alfabeto hebraico - Dalet, Vav e Dalet. Estas duas letras Dalet tinham uma forma triangular no alfabeto hebraico usado até então, uma variação do alfabeto fenício, conhecido como proto-hebraico. Estas duas letras eram encravadas nos escudos dos soldados uma sobreposta a outra, formando uma espécie de estrela. Apesar de ser uma explicação plausível, carece de provas históricas ou arqueológicas para prová-la. Temos outra explicação, também sem comprovações sólidas, que pode-se tratar do relacionamento de Deus com a Humanidade: o triângulo que tem a base em baixo e o vértice para cima simbolizaria os homens em busca de Deus nas alturas, e por sua vez o outro triângulo invertido significa o Deus nos céus influenciando a humanidade.
Atualmente vemos o Selo de Melquisedeque aplicado de uma vasta forma no Templo de San Diego. Nas fotos abaixo vemos o símbolo presente nas portas de vidro, paredes externas, vitrais e grade de proteção. Ao se visitar este templo você com certeza irá ouvir os missionários que recepcionam os visitantes contar uma história sobre o design arquitetônico dele. O que segue foi relatado pelos pais de Bryce Haymond (recebi permissão de Bryce para divulgar aqui parte da história que está disponível na íntegra em seu site http://www.templestudy.com/), onde descreve uma experiência impar relativa ao Templo de San Diego, Califórnia:
A história que o missionário nos contou é simples. Enquanto estávamos lá olhando para o templo, o irmão Williams ou Williamson, o missionário, disse-nos que ouviu uma história interessante sobre o símbolo que aparece em todo o templo. Disse que o arquiteto, que é atualmente um selador do templo, deu um serão a não muito tempo atrás. O arquiteto comentou que o símbolo que aparece em todo o templo, na pedra, no vidro e mesmo no muro ao redor do templo, era apenas um projeto arquitetônico, onde trabalhou em um projeto simples por cerca de seis meses, brincando com desenhos diferentes. Finalmente decidiu sobre o projeto: dois quadrados sobrepostos sendo um girado 45 graus em relação ao outro, as vezes contendo um círculo no centro, outra vezes não. Colocou-o em quase todas as pedras das paredes, em todas as janelas de vidro e até mesmo na grade de ferro ornamental em torno da área do templo. Acho que o missionário disse que alguém (não sei se era uma autoridade geral ou alguém em Salt Lake City) perguntou ao arquiteto na ocasião da casa aberta do templo onde conseguiu o projeto e o que ele significa. O arquiteto disse que era apenas um projeto arquitetônico e que não significa nada. A pessoa que perguntou comentou algo assim, "Oh, eu acho que é mais do que isso." Esta pessoa voltou a Salt Lake City e algum tempo depois voltou dizendo que o projeto era conhecido como o selo de Melquisedeque. Perguntei ao missionário quem era em Salt Lake City que comentou que se tratava do Selo de Melquisedeque. Ele me disse que era Hugh Nibley e que o arquiteto comentou que se é o selo de Melquisedeque teria economizado um monte de tempo se o Senhor tivesse revelado a ele em vez das tentavias para chegar ao resultado final. Não tive a impressão de que o arquiteto se sentiu como se tivesse recebido uma revelação, pelo menos não pela versão que o missionário nos disse no último domingo. Nada foi mencionado sobre qualquer sonho. Naturalmente, o missionário, que nos contou a história apenas recontou o que ouviu em um serão. Ele pode ter perdido alguns dos pontos importantes da história.
Analisando melhor o símbolo nos dois mosaicos e levando em consideração também o significado de outros símbolos, coloco abaixo a minha versão do Selo de Melquisedeque, que se aproxima um pouco mais do que vemos nas Basílicas.
Retirando-se os quadrados temos um outro símbolo com significados diversos em suas mais diversas nacionalidades e aplicações: o Circumponto. O símbolo do círculo com um ponto ao centro possui versões diferentes sobre sua origem e significados, mas de uma forma genérica se refere a uma força superior, um deus. No Antigo Egito, era o símbolo de Rá, o deus-sol, e a astronomia moderna ainda o utiliza da mesma forma. Na filosofia oriental, ele representa o insight espiritual do terceiro olho, a rosa divina e a iluminação. Os cabalistas costumam usá-lo para simbolizar o Kether, o mais elevado dos Sephiroth e a “mais escondida de todas as coisas escondidas”. Os primeiros místicos chamavam-no de Olho de Deus, e ele é a origem do olho que tudo vê do Grande Selo. Os pitagóricos usavam o circumponto como símbolo da Mônada, a Divina Verdade. O circumponto é essencialmente o símbolo dos Antigos Mistérios e pode ser definido também como o símbolo da Fonte, a origem de todas as coisas. Dentre todos estes significados, sendo este o que aceito, o Circumponto é o símbolo universal de Deus.
Assim, usando especulação e imaginação, vejo no Selo do Rei Melquisedeque 3 elementos:
- a Terra e seus quatro cantos, representada por um dos quadrados,
- o Mundo Espiritual, representado pelo outro quadrado, lembrando a declaração de Brigham Young: Onde é o Mundo Espiritual? É aqui mesmo. (Discursos de Brigham Young, John A. Widtsoe, p. 377)
- e Deus, simbolizado pelo circumponto
O símbolo então representa a Terra em conexão com o Mundo Espiritual tendo Deus como seu centro e objetivo final.
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PS.: Por continuar pesquisando este símbolo com ajuda de historiadores da BYU e também pelos administradores das Basílicas na Itália, eventualmente irei publicar uma continuação a este artigo conforme informações relevantes sejam adquiridas.
BIBLIOGRAFIA
Temple and Cosmos - Hugh Nibley
Guia de Estudo para as Escrituras
A faixa dourada, o selo de Salomão e o Escudo de Davi - Costa, Michel
Neal A. Maxwell Institute Web Site
shalom , belo trabalhos mas ha um melkesedek na terra sabia que ele esta jas encinando o povo awém<>*<> ohgam121@hotmail.com
ResponderExcluirSaudações
ResponderExcluirIrmão,o símbolo dos Melquisedeque,são referente a saída da era do 7(reencarnações e provações da terra)para a nova era dos 8(oito pontas da estrela cadente)Este nome se refere a gingante nave,chamada de nova Jerusalém.
Ela já está aqui neste plano;só não é vista ainda pelos olhos humanos,por se tratar e uma visão extramundo(visão etérica)mas em breve,todo olho o verão(queda dos véus de Maya)
Melquisedeque é chamado de Orione ou Akhenaton;regente de Orion.
Saldações
Oi Igor, muito obrigado por suas informações.
ExcluirAbraço